Vinte anos e o Grande Irmão

Oficialmente duas décadas de vida! A comemoração foi simples: pizza fria, bolo de supermercado, e meus colegas de república cantando parabéns desafinados. Mas foi especial. Um amigo apareceu com um presente que me pegou de surpresa: uma edição de *1984*, do George Orwell. Achei genial e perturbador, considerando que nasci nesse ano. Ler sobre vigilância total enquanto estudo pra criar tecnologia é quase poético... ou uma piada cósmica.

Confesso que ao abrir o livro e ver as primeiras páginas, me bateu uma ansiedade estranha. Orwell falava de teletelas, e aqui estou eu, encarando um monitor CRT que parece me observar de volta. É exagero, claro, mas não deixa de ser irônico. A gente constrói máquinas para nos ajudar, e no fim elas acabam nos prendendo mais que libertando.

Foi um dia de pensar sobre o tempo também. Parece que ontem eu estava no colégio, sonhando em entrar na faculdade. Agora estou atolada em Cálculo II e tentando decifrar bugs em C++. A vida não para, e às vezes dá vontade de pausar. Mas talvez esse seja o presente: perceber que estamos em movimento, mesmo tropeçando.

Enfim, obrigada a todos que lembraram. E ao meu amigo pelo presente que vai, com certeza, me render algumas noites mal dormidas e muitas paranoias extras.